Festival Internacional de Teatro na Ilha de São Miguel com o objetivo de dinamizar e promover a qualidade da oferta artística. A programação privilegia espetáculos de várias origens e linguagens criativas contemporâneas, incidindo sobre questões de migrações e de género, promovendo a inclusão nas suas várias modalidades. Apresenta uma importante componente de formação e decorre em vários equipamentos culturais da ilha. DE 29 DE NOVEMBRO A 2 DE DEZEMBRO 2023 [+info aqui]
PROJETO CAZULO - ACTOR-CRIADOR [WORKSHOP DE 17 A 27 MAIO]
SINOPSE: A improvisação, na origem do processo de criação, desenvolve-se a partir de ferramentas da dramaturgia que permitem aos actores o estabelecimento de estruturas, redes e escalas que norteiam a intencionalidade e a inventiva de uma obra. Não raro, habituado a depender de um estímulo prévio e extrínseco (normalmente, um texto dramático escrito), o actor sente-se desamparado, sem confiança e “sem ideias”, quando os processos necessitam que a improvisação participe de uma pesquisa ou, inclusive, se consubstancie na própria encenação.
Pode o actor ter um “novo cérebro”, assumir a improvisação como um trabalho que flexivelmente se repete, evolui e se transmite de forma intencional, consequente e capaz de suscitar um encontro vivo? Pode, simplesmente, esta sua arte do desdobramento encarar o espaço vazio e o desconhecido inerentes à descoberta, numa perspetiva mais consciente, estruturada e intencional?
Ao longo de toda a oficina, três momentos históricos estarão sempre em fundo, evocando de forma muito íntima e óbvia o paradigma do Teatro Total: (1) a prática da oralidade épica dos bardos, poetas e contadores de histórias desses séculos imediatamente anteriores ao advento tecnológico da escrita, (2) o trabalho virtuoso e de grande inventiva do actor renascentista/barroco da Commedia dell’Arte e (3) o movimento dos renovadores dramáticos, na viragem do século XX que, com os impulsos iniciais do simbolismo, projecta criadores que buscam, paradoxalmente, um teatro sem actores (sombras e estátuas) ou, pelo menos, atenuando a sua presença, desmaterializando a “carne” com marionetas-humanas, máscaras e tudo o mais que os afastasse da contingência material do corpo e da estética naturalista.
Num tempo em que se expulsa o outro, se destrói a interdependência formal ver fazer ou, ainda, se fere vitalmente a esfera do espaço público, a oficina O Actor Criador procura ainda dar contributos objectivos para que o actor dependa de si próprio, para que aprenda a restabelecer o vínculo com quem o observa, o complementa e o faz constituir-se: o espectador.
Complementando um trabalho de 30 horas onde se convidaram os participantes a estruturar ideias e a defendê-las com o corpo no espaço, finalmente, projecta-se uma sessão aberta ao público em forma de espectáculo onde o acervo de trabalhos se apresentam publicamente, num potencial que se pretende sobretudo em torno da identidade, da memória e da inserção cultural.